Sou apaixonado pelo ilimitado poder de criação do ser humano, e, com a minha pintura, tenho buscado aprender e desenvolver a alma através do exercício criativo, tentando percorrer caminhos que possam transformar esta minha inquietude em objetos materializados e coloridos, muito coloridos, de forma que reflitam um pouco do meu olhar sobre essa explosão maravilhosa que é a vida. Aqui eu apresento um pouco da minha arte nas telas, onde uso sempre o pincel como aliado e em nenhum dos meus trabalhos de arte, eu procuro economizar na cor, bem ao contrário, eu me utilizo dela para expressar o prazer e felicidade da alma no momento da criação.
Militão dos Santos
A DEFINIÇÃO DO MEU TRABALHO
Busco o canto das coisas quietas
perdidas no silêncio da memória.
E ali, construo um novo canto
o verde musgo das montanhas
onde sonhos redondos outra vez se multiplicam
e as flores sem dono tomam conta do espaço,
colonizando a beira dos caminhos
pontilhando tudo com mil cores.
Busco o azul das dimensões,
a liberdade do vôo
a maciez do algodão transformado
em nuvens quase transparentes
como transparente é sonho daqueles
que habitam meus castelos suspensos.
Busco o simples, o puro, a alegria do dia-a-dia.
Tento resgatar o tempo das pipas e balões,
quando era permitido ser livre e ser criança.
Tento resgatar a paisagem e o homem primitivo
Teimosamente encravados num canto qualquer da utopia,
e para eles invento um novo espaço
sem barreiras ou limite, onde tudo é possível,
até mesmo a magia.
A magia da cor e sobre tudo do AMOR .
DADOS BIOGRÁFICOS
Militão é um exemplo exato da valorização do sentido visual . Aos sete anos de idade contraiu meningite e perdeu 100% da audição . Para minimizar a deficiência, a família o transferiu para o Rio de Janeiro,em 1970, para que se matriculasse no Instituto Nacional de Educação de Surdos . No INES, ele não só aprendeu as linguagens labial e dos símbolos como pôde desenvolver a sua inclinação para a pintura em aulas com o artista plástico Rubens Fortes Bustamante Sá (já falecido), que lhe transmitiu a idéia de composição e cores .
Sua participação no mercado iniciou-se no Rio de Janeiro, participando do grupo que expõe na feira de arte da praça General Ozório , em Ipanema , tendo sua produção adquirida semanalmente pelos turistas .
Em 1982 passou uma temporada entre Uruguai, Argentina e Paraguai, retornando ao Brasil em 1986 .
Em 1990, volta para Recife, onde passa a residir . Pela sua demorada ausência, sentiu o impacto de ser nessa capital um mero desconhecido . Entretanto, sua vontade de vencer no meio artístico leva-o a pintar cada vez mais,aprimorando o seu trabalho, que resulta numa exposição individual que faz por conta própia no lobby do mar hotel .” Eu sempre vendi tudo que pintava,por isso me acomodei e só agora irei fazer a minha primeira individual,”argumenta o artista .
O fato é que militão tem um mercado invejável para dar vazão a sua obra . Recentemente, por exemplo, fechou contrato de exclusividade com a joalharia H . Stern, uma das maiores do pais, em quase três anos foram fornecidos mais de 150 quadros.
Hoje, militão tem seus trabalhos constando nas melhores galerias de arte , assim como adquiridos freqüentemente pelo mercado exterior .
Galeria como Gottfried Murbach (Zurique/Suíça) e Arvene At (Miami/EUA), são constantes na aquisição dos seus trabalhos .
Caderno C do Jornal do Commercio.
Recife, 12 de janeiro de 1993
EXPOSIÇÕES
Individuais
1992 - Lobby do Mar Hotel ( Recife – PE )
1993 - Arte Maior Galeria ( Shopping Center Recife ) ( Recife – PE )
1994 - Aliança Francesa ( Recife – PE )
1995 - Shaeraton Petribu Hotel ( Recife – PE )
1996 - Espaço Cultural H. Stern ( Rio de Janeiro – RJ )
1997 - Arte Maior Galeria ( Shopping Guararapes ) ( Jaboatão – PE )
2000 - Arte Maior Galeria ( Espinheiro Shopping ) ( Recife – PE )
2000 - Ernandi Jr. galeria de arte ( Aerop. Int. G. Gilberto Freire ) ( Recife – PE )
2001 - Arte Maior Galeria ( Recife – PE )
2008 - Espaço Yázigi Internexus Bezerros (Bezerros - PE )
2011 - Arte Maior Galeria ( Recife - PE )
Coletivas e Premiações
1979 - Salão Baronense de Arte de São Paulo ( Menção Honrosa ) ( São Paulo – SP )
1981 - 2º Salão de Artes Plásticas de S. J. do Meriti ( Prêmio Categ. Ouro) ( RJ )
1987 - 1º Festival de Arte Naif Brasileira ( Medalha de Bronze ) ( Campinas – SP )
1989 - 2º Festival de Arte Naif Brasileira ( Medalha de Bronze ) ( Campinas – SP )
1995 - Espaço de Arte Badida e galeria de arte Fátima Paes. ( Recife – PE )
1997 - Major Art Gallery ( Minnesota – EUA )
1999 - “12º Talentos” Acre Galeria – Shop´Show ( Recife – PE )
2003 - 4º Feneart, Centro de Convenções ( Olinda – PE )
2004 - 5º Feneart, Centro de Convenções, 3º Lugar Concurso Novos Talentos (Olinda – PE )
2005 - 6º Feneart, Centro de Convenções ( Olinda – PE )
2008 - Prêmio ArtMajeur Silver Award (EUA)
2009 - Ateliê Amigos das Artes (Recife - PE)
PUBLICAÇÕES E REFERÊNCIAS
1988 - Dicionário dos Pintores do Brasil-João Medeiros - Editora Irradiação Cultural (RJ)
1993 - Artes Plásticas Brasil - Julio Louzada Publicações Vol 6 em diante (SP)
1994 - Livro Cadastro Arte Maior de Pernambuco Vol 1- Arte Maior Galeria - Editoras Brasileira de Guia Especiais (PE)
1996 - Cadastro Arte Maior de Pernambuco Vol 2 - Arte Maior Galeria - Editora Brasileira de Guias Especiais (PE)
Destaque de Capa Revista o Paulistano - Revista Oficial do Clube Athletico Pulistano Junho/2008 (SP)
2009 - Livro Comida é Arte - Aspectos Culturais e Sociais da Alimentação do Brasileiro Através dos Tempos - Carlos Ribeiro - Daniele Barros e Eduardo Magno - Segmento Farma Editores (SP)
2009 - A Arte de Fazer Arte - 3º Ano - Editora Saraiva- Denise A. Haddad,Dulce Gonçalves Morbin e Priscila Okino (São Paulo)
CRÍTICA
Oscar D’Ambrosio
A alegria de viver
Uma das maiores dificuldades de se debruçar sobre a arte dita naïf, primitivista ou ainda de matriz popular é que ela se apresenta como aparentemente simples. No entanto, é justamente esse um dos maiores enganos das críticas feitas a pintores que expressam a sua visão de mundo com autenticidade.
Esse é o caso de Militão dos Santos. Nascido em Caruaru, PE, em 1956, sua principal característica está na intensidade das cores. Elas são utilizadas sem medo, estabelecendo uma atmosfera de ampla vivacidade em que surge uma realidade pictórica de contagiante explosão de sentimentos.
Temas populares, que o artista conhece bem, como feiras e festas, são levados para a tela de modo a despertar no observador o que ele tem de melhor. Existe uma recuperação da idéia de que a realidade pode ser harmoniosa e da valorização de um paraíso perdido pelo cotidiano urbano em que as pessoas vagam solitárias.
Um diferencial da obra está na forma de pintar as copas das árvores. Elas explodem como fogos de artifícios. São talvez um dos principais pontos a atrair o olhar do público. Auxiliam de maneira determinante a criar um espaço em que o sonho é essencial no sentido de devolver as esperanças à humanidade de uma vida melhor.
Em linhas gerais, a técnica de Militão dos Santos nos brinda com um primeiro plano de figuras humanas; um segundo, com a elaboração de uma linha de construções, principalmente casarios populares; e um fundo marcado pela existência de colinas e o revoar de aves.
A pintura do artista consegue assim articular um universo de sensações em que a alegria de viver é fundamental. Ela se manifesta pela mencionado uso das cores e por composições em que o equilíbrio visual está associado à força de um trabalho que se caracteriza pelo amor à vida sobre todas as coisas.
Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).